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Poética & ritmo da MPB
"Antes de tudo, música"
Paul Verlaine [1844-1896]
Paul Verlaine [1844-1896]
1. A MPB
Desde a crítica de Mário de Andrade (1) à mais recente de Cravo Albin (2) - passando pelo crivo de Tinhorão (3) - a expressão música popular brasileira vem sendo deliberadamente empregada. Aqui, para efeito didático, utilizaremos o conceito de MPB que passa a ser veiculado no Brasil por volta dos anos de 1960, decorrente das controvérsias oriundas do clima político da época – e que engloba “um misto de agregado de gêneros musicais com instituição sociocultural” (4).
Forjada na indústria cultural dos grandes Festivais da Canção (5), ou originária dos CPC’s (6) que começavam a proliferar no rastro dos tempos – clima de engajamentos políticos, e de ambiente universitário-classe média –, a epígrafe MPB passa a ter como característica primária o forte teor de contestação político-social, ainda que, conforme...
Desde a crítica de Mário de Andrade (1) à mais recente de Cravo Albin (2) - passando pelo crivo de Tinhorão (3) - a expressão música popular brasileira vem sendo deliberadamente empregada. Aqui, para efeito didático, utilizaremos o conceito de MPB que passa a ser veiculado no Brasil por volta dos anos de 1960, decorrente das controvérsias oriundas do clima político da época – e que engloba “um misto de agregado de gêneros musicais com instituição sociocultural” (4).
Forjada na indústria cultural dos grandes Festivais da Canção (5), ou originária dos CPC’s (6) que começavam a proliferar no rastro dos tempos – clima de engajamentos políticos, e de ambiente universitário-classe média –, a epígrafe MPB passa a ter como característica primária o forte teor de contestação político-social, ainda que, conforme...
Murilo Rubião: o pirotécnico do insólito
“Coisas espantosas e estranhas se têm feito na terra”.
Jeremias: C. V., V. 30.
Jeremias: C. V., V. 30.
No curto espaço de um ensaio, intitulado O sequestro da surpresa[1], cujo intuito era o de situar historicamente a obra de Murilo Rubião, Davi Arriguci Jr., na vertente crítica de Álvaro Lins[2], além de conseguir resumir de roldão o panorama insosso da atual narrativa brasileira,
“...A prosa de ficção ostenta atualmente a incontida vocação geral para o mercado. A mercadoria sortida do romance comercial – histórico, policial ou esotérico – parece tudo dominar. Na narrativa curta, Dalton Trevisan, bom poucos, se repete, diminuindo sempre, mas sem avançar. Rubem Fonseca, dos mais dotados para a grande arte, admirador de Isaac Babel, deixa por menos,resumindo assuntos disponíveis em arquivos de computador, à maneira das fórmulas de Best seller. Raduan Nassar dá entrevistas sobre a roça em lugar de escrever o romance que ainda não escreveu. O que parece ter maior mérito vale como documento – é o caso de Paulo Lins-, mas, a meu ver, ainda não chegou à arte. Bernardo Carvalho talvez chegue lá, se não der ouvidos às sereias da mídia e da média. Milton Hatoun continua prometendo. Só de vez em quando, boas novas, como o “Resumo de Ana” ou o “Ciro”, notáveis novelas de Modesto Carone. Nesse contexto pobre e antagônico, Murilo ressurge mais insólito do que nunca.” [grifos nossos]
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aponta de vez a questão que circunda a obra muriliana, uma obra curta tanto no gênero quanto na produção, mas ainda novidadeira dentro da atual panorâmica da narrativa nacional.
A julgar pelas palavras do professor da USP, um hiato enorme criou-se na prosade ficção brasileira, abrangendo o espaço que vai pelo menos de Guimarães Rosa (ali pelos idos dos anos 40/50) – passando por toda a prosa “empírica” da exílio – , chegando à narrativa contemporânea, esta que se encontra, conforme o...
Drummond: ironia simples X ironia complexa
"...le mot ironia peut caractériser non pas un texte
ou un discours, mais une vie tout entière"
[Quintiliano, Inst. Or.,ix.2.46]
ou un discours, mais une vie tout entière"
[Quintiliano, Inst. Or.,ix.2.46]
Das acepções mais remotas da palavra ironia, a que ainda se destaca no cotidiano do conceito é aquela atribuída ao orador romano Quintiliano[1] e que remonta ao séc. Id.C., segundo a qual a ironia seria "uma figura de linguagem cujas ignificação entendida é contrária àquela das palavras ditas" ("contrarium ei quod dicitur intelligendum est").Muito embora a base sob a qual se sustenta cotidianamente o termo ainda seja...
As Palavras e as Coisas em Lygia Fagundes Telles
1. Introdução
Dentro do panorama literário brasileiro, Lygia Fagundes Telles faz parte da chamada geração de 45, o que a torna, portanto, companheira geracional de Guimarães Rosa, Clarice Lispector, Antonio Callado e Dalton Trevisan, dentre outros. Esta geração caracterizou-se por inaugurar uma prosa na qual, diferentemente do que caracterizaria ageração anterior – a de 30 –, a palavra (ou o significante) assume o primeiro plano da narrativa e o tema (ou o significado) passa a ser quase coadjuvante, criando assim um universo literário próprio, formado unicamente pela linguagem.
Conforme sabemos, a geração de 30, marcada pelo tema do regionalismo,afirmou à época a necessidade de se expor a realidade presente: da seca, do êxodo rural,da miséria do campo. Daí denominar-se esta neorrealista...
Dentro do panorama literário brasileiro, Lygia Fagundes Telles faz parte da chamada geração de 45, o que a torna, portanto, companheira geracional de Guimarães Rosa, Clarice Lispector, Antonio Callado e Dalton Trevisan, dentre outros. Esta geração caracterizou-se por inaugurar uma prosa na qual, diferentemente do que caracterizaria ageração anterior – a de 30 –, a palavra (ou o significante) assume o primeiro plano da narrativa e o tema (ou o significado) passa a ser quase coadjuvante, criando assim um universo literário próprio, formado unicamente pela linguagem.
Conforme sabemos, a geração de 30, marcada pelo tema do regionalismo,afirmou à época a necessidade de se expor a realidade presente: da seca, do êxodo rural,da miséria do campo. Daí denominar-se esta neorrealista...